sábado
Uso a sala de cinema como um refúgio. Corro sozinha para este encontro marcado, inadiável, com ninguém. Aí respiro fundo, me escondo e me entrego. Abandono-me ao ritmo das imagens a fugir, de nítidos "close-up", vestindo fundo as personagens que me afagam, me vingam ou me matam.
Tornam-se, enfim, verdade todas as ilusões que carregamos na vida; é permitido o sonho, sem vergonha. Aí podemos ser nós próprios, sem reservas ou aquilo que gostaríamos de ser, sem receios.
O realizador pode ser o psicólogo experimentado, basta que deixemos que ele nos toque. E ele toca-nos sempre. Mostra-nos a dor ao limite, tornando a nossa agonia suportável, a raiva contida, corações rasgados por paixão. Rende-nos, também, homenagem com as mais belas imagens, os olhos a beberem infinitos dourados cor de areia. Basta que nos deixemos encantar, naquele segundo, num fugaz enlace eterno.
A transferência pode ser poderosa e naquelas duas horas, levitamos acima das nossas vidas e encarnamos aquelas outras de plasma. A colagem pode ser perfeita; ou somos uma donzela sem vergonha, ou recorremos à violência extrovertida, sem tréguas e sem contemplações.
Umas vezes saímos vingados, outras mais condescendentes e desejosos de nos acertar com aqueles que nos são mais queridos e com quem temos mais dificuldade de nos entender.
Sempre sai mais barato que ir ao "analista" ...
Tornam-se, enfim, verdade todas as ilusões que carregamos na vida; é permitido o sonho, sem vergonha. Aí podemos ser nós próprios, sem reservas ou aquilo que gostaríamos de ser, sem receios.
O realizador pode ser o psicólogo experimentado, basta que deixemos que ele nos toque. E ele toca-nos sempre. Mostra-nos a dor ao limite, tornando a nossa agonia suportável, a raiva contida, corações rasgados por paixão. Rende-nos, também, homenagem com as mais belas imagens, os olhos a beberem infinitos dourados cor de areia. Basta que nos deixemos encantar, naquele segundo, num fugaz enlace eterno.
A transferência pode ser poderosa e naquelas duas horas, levitamos acima das nossas vidas e encarnamos aquelas outras de plasma. A colagem pode ser perfeita; ou somos uma donzela sem vergonha, ou recorremos à violência extrovertida, sem tréguas e sem contemplações.
Umas vezes saímos vingados, outras mais condescendentes e desejosos de nos acertar com aqueles que nos são mais queridos e com quem temos mais dificuldade de nos entender.
Sempre sai mais barato que ir ao "analista" ...